Ser mulher - Desabafo

Ser mulher - Desabafo

Deus me perdoe, mas ser mulher é difícil pra cara-ca.

Falarei por mim, na primeira pessoa, para que não invada os achados da cabeça de ninguém e também pensando no universo do relacionamento amoroso, mas cabe em diversos cenários.

Saber da beleza de ser mulher é lindo. Manter o ritmo de ser mulher é que parece não ser fácil. 

Quero falar das partes chatas mesmo, como desabafo. Saiba que conheço e valorizo o belo no feminino.

Começo pelo desgastante lidar com assédios desde a infância. O sexo oposto é implacável em seus desejos até mesmo com crianças. E não é só com aqueles que assediam própria e pontual ou doentemente. 

Por ser mulher sempre tive que ter pudores, cuidados e pisar em ovos para que não sugerisse algo a mais. E pior, mesmo com toda essa merda de precaução ainda sofri diversos momentos constrangedores. Amizades, ponto de ônibus, trabalho... todo lugar é lugar pra isso. Só aqui já bastaria, mas não, tem muito mais.

Em seguida me vem à mente a submissão feminina. Misericórdia! Tenho muita dificuldade em lidar com isso e quero muito encontrar caminhos diferentes para conduzir isso pela terapia. 

Li nesse último mês o livro Carta aberta às mulheres, da Aline Rodrigues, que aborda pela veia espiritual e da criação de Deus o ser mulher e a necessidade de resgatar nossa essência. Tem até um desafio de trinta dias muito bacana, super recomendo a leitura. 

Inclusive, participei com muita alegria desse livro, juntamente com outras mulheres, dando testemunho sobre minha maternidade de um filho com deficiência.

É coisa demais

Concordo totalmente e vejo sentido: Deus nos deu tantos dons não foi à toa. Ser mulher é desafiador e de grande responsabilidade na sociedade, porque moldamos tudo, só que esse tudo é pesado e rebelar contra esse propósito traz problemas... Vejamos algumas dificuldades:

És delicada e gentil, portanto seja assim com seu esposo mesmo que ele tenha momentos que te desagradem.

És sábia, portanto contorne todas as dificuldades e seja malabarista com filho, marido, trabalho, e tudo mais.

Tens habilidades sutis, portanto organize, arrume e limpe a casa com alegria. Se ele se prontificar em ajudar, seja grata e fique feliz.

Tens um ventre, então seja mãe com seus super dons e se o companheiro ajudar trocando fraldas, solte fogos de artifício.

Tens uma vagina, mas calma lá! Não se empolgue querida... Você tem nem a metade dos hormônios de desejo que ele recebeu. Mesmo assim, dê um jeito de se estimular durante o dia para transar quando for solicitada.

Sejas o equilíbrio, a alegria, o entusiasmo, a força e tudo que aparecer mate no peito, porque lembre-se: você é uma mulher!

E com isso, mesmo se estiver cansada, mantenha-se bonita, bem apresentável pra você mesma, com uma maquiagem básica, palavras gentis nos lábios, depilada, unhas feitas e a mesa posta.

Se o seu marido não perceber e valorizar, respire fundo e persista, tenha fé e faça de conta. Porque só assim né?

Opa! Tá escorrendo ironia aí em cima né? Mas não consigo...

Aqui que perdi minhas forças ultimamente ou nos últimos anos.

O faz de conta e persistir ou ser resiliente parecem que chegam ao limite da burrice. E me volto à natureza da criação onde apaziguo um pouco meus pensamentos revoltados.

Ressignificar

É simples e não é. Não é, porque justamente caminhamos na evolução ao longo dos anos com decisões que desviaram do propósito de Deus, que era simples. E continuaria sendo simples se permanecêssemos como nossas avós ou bisavós, por conta da familia e da casa, com egos menos inflados e almejando posições que fazem não caber mais nada. Infelizmente.

Querer tudo faz com que algo fique mal feito. Eis a questão.

Interessante que há dez anos estou em casa, por conta dos cuidados do meu filho, mas já não adianta mais. Sou fruto de uma geração independente, com todas essas controvérsias que mencionei.

Preciso aprender a sair do olho do furacão que criei na mente acerca dessas disparidades dentro de um relacionamento, para que os dias sejam mais leves.

Bater de frente contra essa natureza divina é dar murro em ponta de faca.

Encontrar um caminho de arriar as calças e ser feliz mesmo assim.

Você me entende?

Ludmila Barros - 🔗@ludmilapb