Sessão de Terapia 3
Foi uma semana intensa até chegar no próximo sábado, dia vinte e um de maio. Eu estava bem emotiva para essa sessão e desejava ainda mais que chegasse logo.
Tive duas noites seguidas sem dormir devido a dois exames que meu filho fez. Bom, nem tanto pelo cansaço mental e físico, mas pela tensão dos motivos desses exames e espera dos resultados. O que estaria por vir.
Medos
Coloquei pra fora meus medos... Medo da forma que perderei meu filho. Essa certeza é estranha talvez, mas a síndrome que nasceu com ele infelizmente traz esse cenário de inversão da ordem natural da vida. Eu bem provavelmente perderei meu filho. Ele bem provavelnmente partirá antes de mim.
E esses exames foram justamente para mensurar algumas pioras que vem acontecendo no último ano. Pioras essas que direcionam para a finitude da vida. Não que esteja em fase terminal, não, não é isso. Mas é um declínio que liga o alerta.
Apesar da síndrome, até esse um ano atrás era vida normal de um cadeirante com metabolismo comprometido e sofrendo com gripes transformadas em pneumonias. Ou a necessidade de sonda para alimentação que foi bem vinda e trouxe mais tranquilidade.
Mas agora envolve comprometimento da qualidade de respiração devido escoliose importante e aí o buraco é mais embaixo.
Culpa de mãe
Minha grande sensibilidade da semana se deu por sentir culpa sobre essa piora que aconteceu justamente quando tirei meus olhos dele e que antes eram integralmente vigilantes. Por escolha em fazer uma atividade extra, em casa mesmo, minha atenção caiu digamos uns setenta por cento.
A moral da vez foi: posso até ter parcela de culpa na situação, mas há outros motivos tão importantes quanto. E isso vale para muitas situações da vida.
Eu queria ouvir mesmo que não tinha culpa, mas não é realidade. Ao mesmo tempo não é justo me penalizar pela escolha que fiz antes. Aquela de me satisfazer pessoalmente, não só como mãe.
Ela me perguntou: "Você tem medo dele morrer?" Eu respondi: "Tenho medo da forma que vai acontecer".
Além dessa questão, entramos bastante no matrimônio e confesso ser a parte mais complicada pra mim. São vinte e dois anos de história que por si só já fica difícil saber por onde começar e seguir uma linha de raciocínio.
Mas com a condução da psicóloga a coisa vai fluindo.
Fiquei com um dever de casa: tentar reprogramar minha mente e programar uma viagem em familia, como sempre gostei de fazer, mas que deixei de lado pelo cansaço de sempre fazer sozinha.
Vou tentar.
Ludmila Barros 🔗@ludmilapb
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