Imprevistos frequentes, rotinas doentes
Imprevisto que acontece todo dia, deixa de ser.
Quando tudo pode acontecer a qualquer momento, deixa de ser imprevisto.
Quando se espera, deixa de ser.
Quando você vigia o imprevisto acontecer, deixa de ser.
E minha vida de mãe de uma criança com deficiência é assim.
É contar com o imprevisto previsto, todos os dias.
Não me lembro de uma semana completa de dias bons. Ou noites boas.
Um ciclo vicioso vai se formando na forma de pensar.
Mente reativa na posição on em tempo integral.
Rotina básica na posição off.
Ir cansando de tentar estabelecer o básico.
Ir entregando os pontos e ficar por conta do imprevisto previsto.
A expectativa será frustrada, certamente.
Pessimismo? Não, não mesmo.
Entender que 2+2 são 4? Acho que é por aí.
A terapia tem me ensinado a buscar estado de neutralidade.
Dar alguns bons passos para trás e zerar programações mentais.
Porque o óbvio é o óbvio. Não é fácil, pode até ser impossível.
Mas a reação pode ser reconstruída.
E o mínimo de realização que conseguir, já bastar.
Afinal, lá atrás eu sabia.
Essa caminhada me traria o maior ensinamento entre todos.
Contentar com a onipotência do amor: a humildade.
Servir sem querer férias. Nem mesmo de um dia.
A recompensa está entre os braços. Respirando e olhando nos olhos.
E me pergunto se com outras mães seja assim.
O mais íntimo querer ali sempre te olhando.
Desprender do imprevisto previsto e seguir, em paz.
Ludmila Barros - 🔗@ludmilapb
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