Passando o rodo - É preciso evoluir
É preciso aprimorar aquilo que aprendemos com nossos pais.
Nessa foto eu tinha dezenove anos e iria me casar. Acredite ou não, gastei poses no rolo do filme fotográfico para registrar minha primeira compra de supermercado para a nova casa.
Cargas d'água meu primeiro rodo está presente. Instintivamente fiz essa compra, não só do rodo, mas tudo que sempre vi na casa dos meus pais.
Nesse ano faço 22 anos de casada e não sei você, mas sempre odiei esse tipo de rodo.
Ele tem tudo que um rodo não deveria ter: é de madeira, portanto incompatível com água e apodrece nos encaixes. É encapado com um plástico vagabundo, (adivinhe? incompatível com água!) e acaba rasgando e deixando a mão livre para ferpas no cabo (de madeira). É relativamente pesado e pode ser que alguém até goste disso.
Mas... no auge do meu ódio dele e da exigência que a pandemia trouxe de ficar por conta da limpeza da casa mais do que nunca, eu finalmente me rebelei. Ou posso dizer melhor, fiz o que precisava fazer: procurei uma mudança.
Mudar é possível!
Com uma ferpa devidamente alojada no dedo médio, num súbito, quase chegando em casa, parei o carro numa loja de itens para o lar. Eis que para a minha surpresa tinha um rodo perfeito, dos meus sonhos. Todo em alumínio, muito bem acabado, parecendo resistente e com ótima borracha.
Sério, algo como ganhar num bingo ou morder um doce maravilhoso na TPM. Meus olhos brilharam, fui tomada por uma felicidade quase infantil e principalmente: fiquei com vergonha internamente.
Vergonha em perceber o quanto demorei para realmente querer. Querer resolver. Querer me livrar de um incômodo.
Vergonha em perceber o comodismo contrário a ser uma metamorfose ambulante.
Porque sempre penso que não para por aí: uma atitude está em vários outros momentos e sobre várias outras coisas ou situações.
Os pais podem ser maravilhosos, nem tanto, ter muitos defeitos ou mais qualidades, não importa. O fato é que aprendemos tudo com eles. Seja ouvindo ensinamentos diretos, indiretos ou presenciando atitudes e decisões por toda a infância. Fora os benditos genes, claro.
Tem coisas como ver a mãe usar só um tipo de rodo e tem coisas como responsabilidade e honestidade. Mas não importa. É preciso vigiar e aprimorar.
Aquele velho jeito de ser, de enxergar as coisas, de lidar com elas. Ampliar a visão, torná-la abrangente. Eu vigio, sou sempre crítica comigo, mas ainda sim fiquei 22 anos com um rodo ordinário.
E todo o resto? Uau! Como sabem, faço terapia e já mencionei: entender e enxergar as origens dos pensamentos e da construção da personalidade é sensacional e libertador.
Sigamos de olho nos rodos que colocam ferpas nos dedos! São muitos.
Ludmila Barros - 🔗@ludmilapb
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