Dó de dormir
Tenho dó.
Morro de dó de dormir.
Não era assim antes, quando dormia até mesmo antes de deitar.
Hoje, com poucos dois ou três momentos de solidão tão queridos e desejáveis por dia, tendo a não querer desperdiçar um deles.
Dois sei quais são: o banho da noite, quando estou só eu e o barulho do chuveiro que agoniza de tão quente e abafa os ruídos de fora que me cansam.
Outro é quando todos adormecem.
Meu cachorro então, por hábito, reinvindica o direito adquirido de subir em minha cama e ali ficar até a hora que eu decidir dormir e colocá-lo em seus aposentos.
Quanto ao grande momento que não quero desperdiçar, é que sinto tamanha liberdade quando filho e marido adormecem.
Meu quarto e às vezes a sala de televisão se tornam refúgio tal como o banho.
Costumo querer ser produtiva nesse momento, à noite. Esse momento que dura até os olhos arderem demais.
O ruim de não controlar isso é que quanto mais estica o elástico, maior ele fica.
Então, se me deixar levar por essa sedução, posso rapidamente habituar a perder madrugadas de sono.
O que é ser produtiva? Qualquer coisa! Ler, escrever, ver filmes e séries, colorir, jogar, pintar...
Coisas que há bons anos não consigo fazer ou não plenamente, sem interrupções (que me adoecem).
Acho que na verdade, até pouco tempo, isso ficou numa gaveta fechada e esquecida.
O foco era tão forte sobre o filho, que não cabiam. E era melhor assim.
Hoje, não ter mais nada a fazer ou alguém para cuidar e preocupar, beira à magia, de tão bom.
Chega a hora de dormir, sinto o cansaço mental do dia, escuto zumbido dentro da cabeça, mas o desejo de sentir prazer por mim mesma é grande.
Adormecer parece um desperdício.
Pena que ao amanhecer, a conta vem.
Ludmila Barros 🔗 @ludmilapb
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