Relicários de Amor
Somos relicários, grandes e repletos relicários.
Se não sou ainda, devo procurar ser, urgente.
Uma vida deve ser lembrada, valorizada dentro da joia.
Sou a joia. Não posso ser vazia, não posso deixar que seja.
Se bem que quase não há como ser vazia, se o que tem dentro é a própria vida que passou.
O que tem dentro são os restos de mim que sobraram até ontem.
Talvez não pare para olhar. Aí então nada se vê mesmo.
Num relicário tudo pode ser acolhido.
Como se fosse um talismã, normalmente só partes boas são colocadas.
Se for sobre sorte, que a parte difícil da caminhada seja lembrete, alerta.
Se for sobre mais que isso, que tudo esteja dentro. Tudo me trouxe aqui.
Que eu saiba fazer conta direito e que o resultado final, somando e subtraindo, seja positivo.
Que eu seja por fim, um relicário de amor.
Que ele seja exibido com orgulho e sonhos ainda por vir.
Não é de pendurar no pescoço. É de se ser.
Transparecer o que tem dentro.
Ambulante. Um relicário ambulante.
Ainda que sabendo o tanto a lapidar por dentro.
Saber muda muita coisa. Saber de si.
Olhar para cada pecinha da própria vida, de verdade e com sinceridade, faz mudar ou faz ir tentando.
Um lembrete de mim pra mim, pra não esquecer.
E não esquecendo, que deixe exibir esse amor.
Porque se sou tanto e você também, devemos ser mesmo um pelo outro, como Jesus ensinou.
Que o que há de bom em mim, saúda o que há de bom em você.
Ludmila Barros 🔗 @ludmilapb
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